sábado, 4 de julho de 2009

SONETOS POR DOUGLAS COSTA

I-Atirar-me

Vossas presas apunhalam-me carne.
Vós sentíeis a dor a ser sentida.
Matar-me com breve e só mordida.
O vosso medo tinha em atirar-me.

Mas soer já era em abocanhar-me.
O perene viver ao falecida.
Sentindo-se medo da vil partida.
Qual vosso medo que ao encurralar-me.

E quando dormes coragem acorda,
Quando acordas a coragem me foge.
Que, dia-a-dia me espia tanto quanto dorme.

Tenebroso medo qual tempo à corda,
A coragem que fora medo de hoje.
O medo dum dia mais aziago dorme.

II-Senão traição

Tanto vos busquem formosura e glória.
Do passado fora tão quente e vivo.
Futuro fora-vos exposto ao ri-vos.
Presente queira longe da memória.

Do buscai-vos derrota na vitória.
Do que a permanência ao triste sempre ir-vos.
Do que a senão traição ao ir servir-vos.
Queira mostrar não tanto obrigatória.

Se conviver-vos comigo futuro.
Que epitáfio já meu tão valoroso.
Virar-vos-ia sentença tão penosa.

Do futuro não sejais tanto duro.
Senhora que engana o ser mui ditoso
E vós que temeis futura gloriosa.

III-Caminhada

Do que achar em mais viagens esforçadas.
Se não se sente vento ao abraçar-me.
Depois feita sinto duro cansar-me.
Do senão mais desumana jornada.

És mais do que juntos mil, separada.
Do que uma espada amiga, pois a vazar-me.
Sentir-se-á ferida fria curar-me.
Fora senão verdes à caminhada.

Pícara vida tende dó de mim.
Pois se vos não lerdes vossa história.
Não verá como tão pífia fora ela.

Tirar-vos-ia oxigênio tanto assim.
Como as tropas sua tão buscada glória.
É assim a dura vida a perdê-la.







IV -Usurpar-me o amor

Usurpar-me o amor para perder-vos,
Tina vos resta, cuide redobrado.
Do mantimento mor do ser amado.
Desatinado peito, flor de nervos.

Amor peito não ama quente ser-vos.
Do eu era réu sem culpa a ser julgado.
Errado fora do amor um culpado.
Morte de outros amores em perder-vos.

O amor que quebra após por um fraco elo.
Por sem distância dividir outrem.
Distância ou uns nostálgicos enganos.

Amor não vive sem ser mais detê-lo.
Sem medir ou comparar por ninguém.
Doces ou salgados, mor desenganos.


V- Acaricia vosso gesto

Ó mão que mui acaricia vosso gesto.
Sopra sem conhecer os quentes ventos.
Dos amores longínquos dos isentos.
Amor que volta virtuoso e protesto.

Quis buscai-vos o amor dos vossos restos.
Renascer do amor ilustre instrumento.
Nasce e renasce, amor o pensamento.
Vívido, precioso amor não contesto.

Efêmero amor mor doce ternura.
Olhar-se amor difícil de conter.
Gosto, o prazer viver mor aventura.

Procura ser assim herói não ser
Doce amargo, guerra da paz alvura.
Sem o amor nos corações não viver.


VI -A fome do coração.

Eu quis enquanto fomes tiverem.
Temia o rancor nunca antes magoado.
Que da mente e corpo já me arejados.
Mata quem vos mata e já viverem!

Que a fome vos mata agora serem.
Alimentava-vos não esperados.
Desconcertos e vós esfomeados.
Palinuro a glória mui perderem.

E se o gesto demonstra vossa fome.
Aqui nesse mundo rogo-vos triste.
Segurai-vos suas palavras em mãos.

Se for fome que vos mata, honra o nome.
Almejas a alma que vos não consiste.
Do é mesmo a fome do coração.

VII -Astuta

Quais se transformam humanos em luta,
Transformam alegres em magoados.
Explicam-se, renascem transformados.
Dera vida transformação fajuta.

A vida que arde pela vil mui astuta
Inveja é si mesma, namorados.
Radiantes tão lho eram não invejados.
Temo-lhe a inveja senão a luta.

A inveja que traz morte aos corações.
Transforma o irreal em mil preconceitos.
E a mesma inveja gera tais profanos.

A inveja transforma os bons em vilões.
Eu que nunca temi algo tremi o jeito.
Que poderosa inveja dos humanos.


VIII -Tormentos

O monstro que me rouba os olhos tão.
É monstro frio, habita-me reluzente.
E anestesia-me já que fatalmente.
E dói-me pelo corpo ao coração.

Matai-me a outros não pede perdão.
Canta-me a vilã, ladra docemente.
Mata-me os sentidos muito vilmente.
Dor que nos mata hoje respeita não.

Dor pela dor do amor também honesto.
Foi doce o que amargou o vivo morreu.
Também tanto mar, não fora usurpar.

Vilãos tormentos tanto mal funestos.
O peito trazia dor no que perdeu.
Amar perenemente foi a doar.


IX -Merecer-vos.

Em ti, a si mais nunca vou merecer-vos.
Jaz-se em corpo já violento tormento.
Do, igualmente, jazia alma eu muito atento.
Fartos fatos fardados decorrer-vos.

Os quadros se não vistos entender-vos.
Acha melancolia contentamento.
E a dor vos resta do desprendimento.
Aumento a dor dos fados de soer-vos.

A praça, cá dor fora de fundada.
Queimar-me a dor de quando vira o olho.
Adejar todo e grandioso mundo.

Coração quebra, quebra alma magoada.
Do antes que morre nunca viva lho.
Dói sem doer, vive sem viver profundo.

X -Desbravados

São termos muitos si tão desbravados.
Porque da mente humana não amar-lhe.
Do sinto sem sentidos adejar-lhe.
Mundo em si não que lhe sobrevoado.

Quão convém alma o coração furtado.
Será que foi vilão quando roubar-lhe.
Os bafos dos zéfiros a esquentar-lhe.
Mundo e amor mores tanto sagrados.

Levo ao peito a espada, na alma a cruz,
Na mente os estreitos, no colo vil.
Nas mãos a alma, nos olhos queira luz.

Queria-vos se a vida muda-se mil.
Veias e vasos, mentes, corpos nus.
Cor não se define qual vida anil.

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